quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Recife 5

Boa noite galera! Hoje começamos o dia com afazeres domésticos. Saímos para fazer supermercado e passamos antes na lavanderia. Após as compras dei um passeio pela praia (já que estava em Boa Viagem) e o Lu voltou de taxi trazendo as coisas. Quando cheguei arrumei tudo, almocei e o Lu meio sem fome só deu uma beliscada. Nossa nova bomba de porão chegou e o Roberto veio instalá-la. Aproveitamos e pedimos para ele colocar a trava para segurar a porta da cabine de proa. Não teremos mais que fechá-la para evitar o "bate-bate" durante as velejadas, agora é só fechar na travinha nova, beleza! Depois do trabalho ficamos de papo até umas 4 da tarde. Meio de bobeira sentei em frente ao computador e como não consegui acessar a internet comecei a vasculhar meus arquivos pessoais achando vários relatos escritos quando a gente começou a sonhar com a vida a bordo. Nossa, que legal foi ler coisas escritas quando só tínhamos de concreto os sonhos! E melhor, de estarmos realizando eles exatamente como imaginávamos. Lendo uns trechinhos para o Lu ele sugeriu voltar a escrever tentando lembrar o passo a passo a partir do ponto que parei. Caramba! São três anos desde o último relato, é muita coisa a ser falada. Mas me animei e voltei a escrever. Fiquei até umas 19h escrevendo, muito legal lembrar das coisas importantes deste processo todo. É claro que faltarão detalhes mas estou tentando lembrar o máximo possível dos fatos.
Saímos para a palestra da Heloísa Schurmann. Por acaso ou nem tanto acaso assim ela faz parte destes relatos, ou melhor, o encontro com ela e o Vilfredo foi a primeira coisa que escrevi e foi o que me impulsionou para começar a escrever a nossa história lááá no início onde tudo era uma simples nova idéia de vida. Para não precisar reescrever o texto e vou copiar o pedaço onde conto o episódio:
"5 de junho de 2004- 8:15h – Aysso … conheço este nome de algum lugar, pensa Lu...
Marina da Glória, Rio, embarque na lancha Sundance II. Mar agitado, astral maravilhoso como de costume e um mergulho bastante agradável na Ilha Comprida, arquipelágo das Cagarras. Pena encontrar uma tartaruga morta enrolada numa rede de pescadores. Quando afinal irão transformar o arquipélado em Reserva Marinha? Fizemos um mergulho só pois o mar ameaçava e tivemos que antecipar a volta... não por a caso...
11:15h – Retornando do mergulho, na entrada da baía de Guanabara, bem mais cedo que o de costume cruzamos com um veleiro de 2 mastros, Tim escrito na vela. Ao desembarcarmos na Marina Luiz resove dar uma andada pelo pier para ver veleiros e vê uma pick up parada com adesivos da Tim e da família Schürmann... imediatamente se dá conta de que o AYSSO era o barco da família, ele já havia lido no site deles mas não tinha se dado conta ao ver o nome antes. Se tocou então que eles estariam ali, na Marina, pertinho de nós!! E vem correndo contar a grande novidade. Neste meio tempo um senhor vem andando e num ímpeto só corro para falar com ele, Araújo, motorista da família, que me recebe muito bem e concorda em nos encaminhar para uma visita no final da tarde no Aysso. É claro que eu tinha que ir lá pedir. Oportunidade como esta assim, nunca poderíamos desconsiderar. Seria nossa primeira visita a um veleiro vivo, amado, lar de pessoas que vivem e respiram o que de certa forma hoje decidimos que vai ser nosso caminho, nosso destino, nosso sonho real!
Almoçamos com nossos amigos em Copacabana, tarde chuvosa, fria, regada de sensações mistas de alegria, medo, excitação, receio, paz e acima de tudo, impressionada com nosso primeiro grande sinal!
18h – Marina da Gloria, dúvida, vergonha, frio, emoção. Andamos até o Aysso, Vilfredo veio nos receber amavelmente e nos convidou para entrar. Ai que nervoso nos deu! Heloísa apareceu tirando o casaco vermelho de chuva e meio sem entender direito quem éramos nos cumprimentou com um ar naturalmente cansado pois eles tinham acabado de chegar de uma tarde no mar. Um pouco tensa logo me expliquei tentando ser o mais leve possível com um grande receio de estar incomodando... sensação que passou rápido, afinal são maravilhosos e nos receberam com o maior carinho do mundo nos mostrando sua casa, sua rotina, contando casos, mostrando fotos e nos presenteando com seu maior conselho de vida, o lema deles, o tesouro maior de todos, realize seu sonho!!
Minha mente estava confusa de noite. Sentimentos misturados, medo do novo, receio de me afastar de tudo aquilo que hoje para mim é A realização dos meus sonhos... sim, claro que há vontade de partir, insatisfação com trabalho, violência na cidade, falta de perspectiva, sede de conhecimento de vida, liberdade, ganância pelo novo, vento na cara, horizonte ao fundo, viagens, mergulhos, novas culturas, mar azul, natureza, infinito mas... e as amarras? O medo e o nó no peito? A família, os amigos, o apartamento que compramos e moldamos cada centímetro com uma obra insuportável mas que suportamos para ter o que planejávamos? Como será deixar tudo para um novo projeto? Ou não será deixar tudo, não sejamos tão fatalistas... este sonho é meu? Bem, eu quero e acho tudo isso mais que perfeito e maravilhoso, mas será???
Dormi como uma pedra mas antes lembrei da frase de Heloísa hoje minha inspiração: solte as amarras, menina!!!"
Chegamos um pouco antes pois eu estava louca para falar com ela. A sala estava vazia e foi uma ótima oportunidade. Lancei: _ Heloísa, cê lembra de mim? Ela olhou, olhou e não lembrou, é claro! Comecei a relembrá-la: _ Marina, 2004, você estava chegando de uma velejada com o pessoal da Tim.... e ela: _ AAAHHH você chegou com seu marido se desculpando, sem graça.... e eu _ Isso mesmo!!!!!! Você nos recebeu, mostrou o barco eu falei da minha insegurança..... e ela foi falando todo o final da história, ela lembrou, que legal!!! Se levantou e me deu um super abraço, fiquei emocionada com o carinho, muito legal! Depois foi só papo, histórias e histórias até começar a palestra que foi muito bacana. Ela contou a história da família tintim por tintim, coisas que todo mundo tem vontade de perguntar, detalhes mesmo da vida pessoal do dia a dia deles por todo esse tempo de viagens. Nossa, foi muito bom mesmo, no final o pessoal aplaudiu de pé!
Voltamos para o barco para jantar a bordo e saímos para a Palhoça. Encontramos a Cintia e ficamos um pouquinho com ela por lá. É isso aí .... boa noite!

2 comentários:

Anônimo disse...

E vai nascendo uma escritora ...
Beijos,
Roberto

Anônimo disse...

Oi Valeria,
Gostei do seu relato,muito bacana ver
que a viagem começa bem antes na imaginação
tenho acompanhado o blog de voces
continue escrevendo bastante.


Uma grande travessia para voces!

Um beijo e bons ventos ate a ilha

monica